segunda-feira, 18 de maio de 2009

anjos

Autor:Felipe Viana

Em espaço fechado, uma pequena caixa escura fica guardando um pedaço de coração. Preso no subconsciente, o tempo engole tudo no vazio da solidão. Nada mais é fato, nem as palavras, nem o próprio eu. Tudo se torna abstrato, o vento leva afora o que já aconteceu. O que era quente fica frio,congela,inexiste,se refaz ,resiste, persiste. Assim como a bela fênix que das cinzas faz-se renascer, nada é imutável, indestrutível, cada um pode se reerguer. O calor exala dos olhos negros, puros mais cruéis. O sangue foge das rosas, tais flores infiéis. Uma estrela luta para brilhar, durar, aparecer. Eu me esforço para simplesmente não chorar, fechar os olhos e morrer. Pois mais fácil seria se só partisse desse mundo mortal. Faria de minha alma um subterfúgio para escoar o mal. Conviver é preciso, um destino, uma estrada a seguir. Enfrentar seus medos é o único modo de conseguir fugir. O sonho, a mais linda dádiva cedida a nós. O infinito é o limite para sonhar, expressar o que eu sinto, viver ao instinto, ser impulsivo ao amar. Esse amor que a mim se revela, é uma fera, em pele bela. Uma armadilha que se esconde sobre sua beleza. Nessa selva de sentimentos, eu sou sua presa, inocente, indefesa. Você é meu caçador, predador, em seu porte e grandeza. Seu olhar é imprevisível, mas triste. Uma face que se oculta ao meu encontro. Olhar para você é controverso, um rosto, milhares universos, numa infinita interrogação. Por mais que eu deseje essa resposta encontrar, confio na sorte,espero,respiro, pois sei que é ela quem vai me buscar. Agora, e somente agora, eu lhe confesso o motivo que há tanto me faz mal. Enquanto você sempre cresce, sorri e envelhece, eu continuo sendo por essa eternidade um tolo imortal. Busco em todas suas vidas, em todos os seus tempos, um fragmento teu. Relembro o passado, viajo ao futuro, ao encontro de seu eu. Esse tempo sem fim faz-me prisioneiro a tua liberdade. Observo-te ao reflexo do espelho em minha frente e a projeção do seu rosto incide em mim. Paro e penso nesse brutal destino, que faz suas lembranças escoarem pelo ralo. Porque não se lembras de mim, porque preferes esse mundo mortal. Choro ao rever aqueles lindos momentos, onde éramos Anjos que amavam acima do bem e do mal.

2 comentários: