domingo, 30 de agosto de 2009

MINHAS DUVIDAS


Não entendo
Como o mundo se revela
Cada segundo que alcanço
Cada passo que caminho
É um momento a mais para entender o meu eu
Mas,
Desisti de me conhecer;
Desisti de lutar
Desisti de me renovar
Pois não importa
O esforço que eu exerça
Será tudo em vão
Eu vou continuar sendo
Sempre
O mesmo monótono e previsível homem
Cansei das aparências
Preciso ouvir
De uma boca cigana
De uma boca profana
O que minha existência significa
Para esse mundo
Ou para os mortais que nele habitam
Preciso saber se cheguei fundo
Ou fui superficial como um arranhão
Não sei se vou aprender a conviver
Com os meus medos
A cada vez que eu tento fugir
Percebo que a distância
Só faz aumentar o temor a eles
Tento não atingir o meu lado escuro
Tento não romper
Esse fino lençol multicor
Que me mantém lúcido
Mas como manter presa?
Essa força que incendeia minha alma de perspectivas
Todos me olham normalmente
E porque será que me incomodo?
Eles não entendem o fundo do meu ser
Não entendem o que é
Se sentir um recipiente oco
Uma fonte seca
Onde só o que brota
É uma eterna incompreensão
Ainda espero
E parece que esperarei eternamente
Um olhar maduro
Aquele olhar penetrante
Que interprete meu ar
Que transcenda o limite
Um olhar que possa
Transpor meu oculto
Nem mesmo sei se existe
Esse olhar que idealizo
Mais sei o que seu brilho despertaria em mim
Quantas perguntas eu faria
Para esse indecente olhar
Quantos porquês eu diria
Só para me reanimar
Sim, isso sim
Esses inúmeros porquês
Isso é o que me move
Isso é o que impulsiona
O meu modo de viver
Isso é o acelera cada célula do meu corpo
Isso é o que contrai cada músculo
Sim isso é o que sou
Isso é a minha essência
Isso é o meu eu
É o que me forma
São as minhas duvidas.



autor :felipe viana

in illo tempore


Naqueles tempos
Enquanto o mal era só uma faísca
Eu te amava
Enquanto o sol ainda brilhava
Eu te amava
Enquanto o seu sorriso em mim pairava
Eu te amava
Naqueles tempos
Enquanto minha fé ainda existia
Eu te amava
Enquanto a sua voz
Era uma doce melodia
Eu te amava
Naqueles tempos
Enquanto nada fazia sentido
Enquanto você falava ao meu ouvido
Eu te amava
Naqueles tempos
Enquanto seu toque era fiel
Enquanto eu provava do seu mel
Eu te amava
Enquanto sentávamos a beira do mar
Com lábios selados a beijar
Eu te amava
Naqueles tempos
Enquanto suas mãos frias passeavam em meu corpo
Enquanto seu barco ancorava em meu porto
Eu te amava
Naqueles tempos
Tempos sem tempo para te amar
Enquanto só olhávamos o luar
Eu te amava
Enquanto passei pelo jardim
E senti seu perfume jasmim
Eu te amei
Te amei sem um fim
Naqueles tempos
Enquanto gotas cristalinas de chuva
Caiam do céu nublado
Eu te amava
Do lado oposto ao vidro embaçado
Naqueles tempos
Enquanto seu suor unia-se ao meu
Você princesa
Um sonho meu
Mas eu te amava
Naqueles tempos
Enquanto pintávamos nossa aquarela de amor
E construíamos nosso mosaico de cor
Eu te amava
Te amava sem dor
Naqueles tempos
Enquanto a sombra na parede levantava a sua mão
Enquanto o golpe da faca atingia o seu coração
Eu morri por alguns momentos
Pois eu te amava
Eu te amava naqueles tempos




AUTOR :felipe viana